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terça-feira, 10 de agosto de 2010

O mundo sem Betta


Hoje o luto chegou com força ao meu coração. O mundo perdeu Betta e eu me vejo tristemente obrigada a viver neste planeta sem poder vê-la e falar com ela.

Betta era cheia de vida, gramsciana de formação, antropóloga querida pelos educadores indígenas.

Escrevo para me despedir, mal vejo meu texto, tenho a vista embaçada por lágrimas que não consigo segurar.

Adeus, querida Betta. Guardo aqui, para sempre, o texto que você usou para se apresentar a quem quisesse sua amizade, seu afeto, seu carinho incondicional. Jamais esquecerei o privilégio de ter sido sua amiga.


As vezes sou mansa outras viro o cão
Algumas vezes me penso louca

noutras acho que não

sou fria, calculista,
sentimental, enamorada...

fico triste tipo vazia

fico brocha, fico pilhada
sou tantas coisas, quase tudo
sou também um quase nada
sou cada cheiro e perfume que respiro

sou poeira e asfalto

lama e concreto

objecto directo

linha reta mal traçada
sou efêmera e eterna

sou triste e engraçada

sou antiga e moderna

amorosa e leviana

boa e malvada

discuto filosofia, falo besteira

sou profunda e superficial
sou italiana, sou brasileira

mas não gosto de carnaval
bebo cachaça, bebo cerveja

há quem me veja bebendo licor

é um horror mas sou consumista,
sou elitista e aristocrata

luto pelo planeta
leio poesia e faço versos
escrevo músicas azuis

já plantei árvore,
já corri de vaca
já corri de cobra e quase morri

já amei bastante

já chorei demais

já sorri, gargalhei e dei risada

essa latinidade aflorada

esse ranço judaico-cristão

sou lógica e contraditória

mas tudo é estoria inventada

sexta-feira, 26 de março de 2010

Uma amizade incomum

Bem, vamos lá.

A escola sobre a qual eu queria falar, no post anterior, fica na cidade de Sete Lagoas-MG. Conheci professores de lá em junho de 2006, quando realizamos a Conferência Estadual da Educação Profissional e Tecnológica, em Contagem.

Nessa Conferência, o embate dos delegados de escolas públicas com o verdadeiro "rolo compressor" enviado pelo "Sistema S" (formado pelas escolas do SESI, SENAI e congêneres, que recebem recursos públicos) foi ferrenho. Sem a articulação promovida pelos segmentos federal, estadual e municipais, não teríamos conseguido enviar delegados a Brasília, para a Conferência Nacional, que se realizou em novembro daquele ano. Nesta sim, lavamos a alma! Conseguimos aprovar, às vezes com pequena diferença de votos, propostas cruciais para a expansão da rede pública de educação tecnológica.

Pois bem, algum tempo depois desses enfrentamentos, iniciamos contato - eu, representando a escola federal em que trabalhava, e os professores da Escola Técnica de Sete Lagoas, naquela época em busca de alternativas para continuar em funcionamento.

Vista parcial da ETSL

Um convênio do município com escola federal foi a primeira possibilidade cogitada, que depois se desdobraria em outras, surgidas em muitas discussões com a comunidade escolar. Nessas discussões, conheci uma equipe de professores e servidores extremamente comprometida com a educação tecnológica, sempre em busca de melhorar cada vez mais a qualidade do ensino oferecido ali.

Impressiona-me a história dessa Escola, que completa 30 anos em 2010. Espero que comemore essa longa existência com uma grande festa, da qual participem alunos e ex-alunos, professores e funcionários atuais e os do passado, representantes da sociedade local e também das outras cidades próximas, de onde saem ônibus de alunos todos os dias para Sete Lagoas.

A Escola Técnica de Sete Lagoas nos dá uma lição de resistência. Tem cerca de mil alunos, da própria cidade e também originários de umas 15 cidades da região, o que é um número bastante expressivo para uma escola técnica municipal. É mantida por uma fundação, que administra o recurso público repassado pela prefeitura para pagamento de pessoal. Exerce plenamente sua autonomia didático-pedagógica, em processo de construção coletiva, recusando as soluções fáceis da acomodação e do conformismo, ampliando sempre as possibilidades de inovação da práxis educativa.

De minha parte, posso garantir que me orgulho de ser amiga de uma equipe tão comprometida, que não perde a perspectiva do trabalho como princípio educativo, conforme nos ensina Gramsci. Ali no espaço da escola, tenho certeza de que estão sendo formados muito mais do que trabalhadores; estão se formando cidadãos criativos, críticos e atuantes no mundo do trabalho, resultantes do esforço para se integrar as dimensões técnico-científica, cultural e humanística nessa formação.

Pois então. O mínimo que posso fazer para honrar a confiança que construímos nesses anos é continuar buscando, nos corredores de ministérios, oportunidades para que a ETSL reafirme a excelência de sua comunidade escolar.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Uma grande amizade!

Minha turma de república esperou vinte anos para se reunir pela primeira vez. Éramos doze mulheres e um homem, por sinal meu irmão, que ocupava o quarto de empregada. Foram já quatro encontros. O último foi em Araxá, no fim de semana que passou. Dos treze, compareceram oito, levando a tiracolo maridos, filhos, filha e até uma neta - minha Sofia.

No sábado, tarde na piscina do hotel, com música, cervejinha e muita conversa. À noite, reunião para troca de lembrancinhas e deliberação sobre o local do próximo encontro, ano que vem. No domingo, passeios pelo balneário, almoço e início das despedidas. Simples assim.


Tomamos caminhos diferentes, ao longo de todos esses anos. Todos trabalham e construíram suas vidas com muita dedicação. Fizemos filhos e filhas maravilhosos e estamos transmitindo a eles o legado de nossa amizade.

Nosso quarto encontro teve uma nota especial: ele foi um presente que oferecemos ao Fábio, filho da Wildes, que desejava nossa presença para fazer sorrir sua mãe. Resultado: a gente chorou e riu junto com ela.

Estou organizando as fotos dos vários momentos do encontro. Depois coloco o link aqui para quem quiser vê-las.