O apresentador do Jornal da Band, Boris Casoy, foi pego pela armadilha do microfone aberto. O jornal passava a vinheta, após uma chamada para a notícia da mega-sena de fim-de-ano, depois de mostrar dois garis desejando feliz ano novo. Boris, então, comentou com sua colega apresentadora:
- "Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. Dois lixeiros. O mais baixo da escala do trabalho." (Clique aqui para ver o video)
Nesse momento, uma voz avisa: "Deu pau, deu pau. Tá no ar."
Chocante? Para alguns deve ter sido. Mas não para mim, que conheço o caráter do jornalista desde os tempos da ditadura militar, laboriosamente escondido atrás dos bordões que criou como apresentador de jornal: "Isso é uma vergonha" e "É preciso passar o Brasil a limpo".
Essas expressões sempre me pareceram frases de efeito, usadas por moralistas para induzir o interlocutor no julgamento de alguma questão ou fato jornalístico. Quem as usa sabe que precisa ter comportamento irrepreensível, não tem direito sequer a um escorregão verbal que denuncie o mínimo preconceito em relação a qualquer tipo de pessoa.
Ora, o que Boris Casoy fez foi revelar seu preconceito de classe, desqualificando o trabalho digno de dois garis no último dia do ano passado, quando todos se preparam para comemorar a chegada do futuro, com toda a esperança que carregam em suas almas e corpos cansados do trabalho pesado.
Deve ter chovido mensagens de protestos na redação da Band, porque hoje ele pediu desculpas, ao vivo e em cores:
- "Ontem eu disse aqui uma frase infeliz, que ofendeu os garis. Peço profundas desculpas aos garis, ao telespectador e à Rede Bandeirantes."
Só isso. Acabo de presenciar a cena. E saio da sala para escrever este post, com a certeza de que todo moralista é, no fundo, um imoral.
2 comentários:
Vergonhoso... eu li essa noticia hoje de manhã e fiquei com vergonha por ele e por tantos outros que pensam exatamente igual.
Falsidade é feio. Preconceito é triste demais... Que isso sirva de lição pra nós mesmos...
Tristes noticias ainda virão e a natureza continuará sendo a eterna culpada, embora ás vezes vingativa, diante da nossa cronica dificuldade em dar nomes,assumir e cobrar responsabilidades. Nesta e outras tragédias passadas e futuras são recorrentes a ausência de políticas públicas de habitação e uso do solo urbano, especulação imobiliária, falta de controle e fiscalização ambiental e observancia de normas de uso de solo (inclusive construções de casas e rodovias),poder econômico que corrompe governos e suplanta o interesse público, justiça ineficaz, ministério público ausente, ausencia de cidadania, emocionalismo televisivo, imprensa leviana, neoliberalismo, sucateamento e falta de investimento em infraestrutura, etc etc
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