Estou pensando em mudar meu projeto de pesquisa, depois de uma releitura de Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (veja resenha aqui). Em uma contradição aparente, o que me motivou a essa mudança foi sua abordagem dos processos de colonização do Brasil e dos demais países latino-americanos, marcados por profundas diferenças, resultantes essas da crise da cultura ibérica nos séculos XVII e XVIII.
Retomei um ensaio, que assino junto com H. Bastos, na revista Terceira Margem, intitulado "História literária entre acumulação e resíduo: o eixo Graciliano-Rulfo" (clique aqui para ler). Agora penso em examinar a possibilidade de existirem outros eixos, na relação entre escritores brasileiros e peruanos, venezuelanos, argentinos. Penso que é possível descobrir, pela literatura, o que nos separa e o que nos aproxima de nossos irmãos latino-americanos, para além da barreira linguística e da cordilheira dos Andes.
Compartilhamos o destino dos países colonizados, eis aí um ponto que nos aproxima. Espanha e Portugal tiveram ênfases diferentes em seus processos de colonização: povoamento e exploração, respectivamente; eis um ponto que nos diferencia. Mas genocídios, modernização capitalista e repressão a levantes populares são fatores que temos em comum. Concentração da terra e da riqueza, depreciação da cultura popular e imposição da cultura letrada são outros fatores a analisar.
Eleger o corpus das obras para análise entre escritores latino-americanos é um trabalho complexo, para o qual ter clareza do marco teórico é fundamental. Enfim, é o que estou fazendo por agora, é a razão pela qual fiquei sem escrever neste blog tantos dias.
Mas não foi só isso que fiquei fazendo, não. Também tive a companhia das menininhas aqui em casa em quase todas as tardes. Socorro de vó em dias de aperto doméstico, sabem? Bom demais.
* * *
Apertam-me o coração as notícias recorrentes sobre a sucessão de tremores de terra no Chile. Isso parece não ter fim... Como se não bastasse o grande número de mortos, há também os problemas sociais decorrentes da destruição, como o desabastecimento e os saques. Ajuda internacional é bem vinda.
* * *
Leio por aí que o ator Sean Penn foi criticado nos EUA por ter visitado o Haiti logo após o grande terremoto, levando seus dois filhos, de 16 e 18 anos, e algumas mochilas carregadas de dinheiro para doação. Em resposta, desejou que seus críticos tenham "dolorosa morte por cancro retal".
* * *
Leio também que o STF decidiu manter preso o governador afastado do DF, Arruda. Seu advogado queixou-se de que o cliente está encarcerado em uma verdadeira "masmorra", sem direito ao mínimo bem-estar. E fico sabendo que as masmorras de hoje tem ar condicionado, persianas verticais, mesa de trabalho com cadeira giratória, cama e sofá. Veja as fotos aqui.
* * *
Para o senador goiano Demóstenes Torres, do impoluto DEMocratas, a miscigenação dos brancos e negros no Brasil não se deu como resultado do estupro e da violência, mas de uma relação consensual entre o branco livre e a negra escrava, “ainda que sob dominação”. Essa afirmativa arrancou um "ohhhh" de espanto da sonolenta platéia da audiência pública promovida pelo ministro Lewandovski para ouvir a sociedade sobre os programas de cotas nas universidades brasileiras. Eu adorei saber que as escravas faziam sexo de livre e espontânea vontade com seus senhores, só pra pirraçar as sinhás...
Um comentário:
Graaaande socorro de vó! OBRIGADO! :)
Agora, essa do DEMóstenes Torres foi demais! Esse infeliz consegue se superar, hein?! Ele devia ir pro Zorra Total, onde se sentiria em casa: iria continuar a fazer piadas infames e sem graça sobre assunto sexual, além de estar entre seus pares de pensamento...
Postar um comentário