sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Pausa para meditação


(Dizem que uma pausa valoriza qualquer narrativa. Eu penso que não é tanto a pausa em si, mas o silêncio do narrador quando os leitores estão ávidos pela continuidade.

Penso nos jornais do século XIX, que traziam os capítulos de folhetins escritos por José de Alencar, aguardados avidamente pelas leitoras - sim, a maioria era de leitoras! Assim é que foram publicados inicialmente livros como Cinco minutos, A viuvinha e O guarani. Joaquim Manuel de Macedo (A moreninha), Machado de Assis (Helena, por exemplo) e Manoel Antônio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias) foram escritores que iniciaram a publicação de suas obras nos jornais, capítulo a capítulo, brincando com a curiosidade dos leitores.

Daí se dizer que as novelas de televisão são hoje o nosso folhetim eletrônico. Guardadas as diferenças históricas e tecnológicas, o princípio é o mesmo dos folhetins de antanho. Mas que perderam em profundidade, ah! com certeza! São tão superficiais as telenovelas que basta a gente assistir aos capítulos da primeira e da última semanas para dominar toda a trama!

Mas o que eu faço aqui não é um folhetim eletrônico, penso. Trata-se apenas de um exercício de imaginação, motivado por uma manifestação explícita do preconceito dos jovens de uma turminha de classe média alta de São Paulo. Socializada na internet, essa manifestação conseguiu 600 adesões, o que é de assustar.

Na minha despretensiosa narrativa, estou lidando com a desorientação, a confusão e a insegurança resultantes de um acontecimento mágico: o desaparecimento dos migrantes de uma megalópole, de um dia para o outro. Como diria minha saudosa avó, eles "anoiteceram mas não amanheceram" na cidade.

Além disso, estou lidando também com o cotidiano: reforma, mudança, organização de minha biblioteca, doação de livros para movimentos sociais, leituras, viagens, tentativas de escrever, convivência com minha família, carinho para as netas...

Ufa!!! A vida é cheia de afazeres, não? Por isso, apelo a meus 28 leitores para que não percam a paciência. A vida, ops! a história não parou, ela vai ter um desfecho.)

Um comentário:

João Rios disse...

Olá, Izabel!
Li hoje seus comnetários sobre a linguagem na Internet. Gostei e estou de pleno acordo. Nada substitui o livro com sua visão clara deste nosso mundo maluco.
É claro que a linguagem não é um mero inastrumento de comunicação, mas a própria comunicação estruturante de pensamentos, sentimentos e emoções. E isto diexa longe a Internet com seus instrumentos artificiais.
Parabéns. Continui.

João Rios