Primeiro, o carnaval de Brasília foi ótimo. Nem vi a folia, mas passei os cinco dias de feriado em estado de graça, vendo nos noticiários: "Hoje o governador - licenciado - José Roberto Arruda recebeu apenas a visita da mulher dele, Flávia Arruda, que foi à PF levar seu almoço". O homem está lá, quem diria, preso! Nunca antes na história deste país... eu tinha visto um notório criminoso rico ser preso e - mais importante - permanecer preso, sem os famosos habeas corpus do presidente do STF para limpar a barra.
E nem foi preciso esperar que terminasse a semana para sacar que o vice-governador, Paulo Octávio - aquele da Operação Uruguai, junto com Luiz Estêvão, na época do impeachment do Collor, lembram? - não aguenta uma semana no cargo. Também ele está "de costas para a parede" tentando se defender das sérias denúncias de envolvimento nos crimes da Caixa de Pandora.
Por falar em "de costas para a parede", há muitos aqui em Brasília nessa posição defensiva. Por onde anda o "ético" Augusto Carvalho, secretário de saúde? Sumiu... E o Prudente, prudentemente escondido, cadê? Por onde anda o recém-casado Luiz Valente, ex-secretário de educação? Sumiu também... (Veja aqui um video do caro casamento e curta o modelito da distintíssima noiva).
Se você for à Câmara Legislativa do DF - aquela que se fingiu de égua e agora, com a ameaça de intervenção federal, tenta instalar uma comissão para acolher os pedidos de impeachment - vai encontrar 80% dos deputados encostados na parede. Uns, para não cair de preguiça, outros para não serem cassados.
Aqui em Brasília as conversas correm. Soubemos que a digna Eurides Brito estava em depressão, por ter virado marchinha do Pacotão. Deve ter doído muito ver os foliões carregando bolsas transbordantes de dinheiro... O Arruda está também deprimido, porque tinha certeza de que não ficaria mais de um dia preso. Corre à boca pequena que cantarolava sem parar aquela música do Chico Buarque: "Pra mim, basta um dia... Não mais que um dia... Um meio dia..." De repente, ficou mudo.
Dizem coisas também sobre o jornalista Sombra, tratado pela mídia como o algoz de Arruda, o homem que botou mais lenha na já crepitante fogueira da PF. Bem, dizem que é rorizista de carteirinha. Parou de agir na sombra para que il capo possa ficar quietinho, curtindo o prazer de ver a derrocada do arrogante careca.
Às vezes tenho a sensação de que tudo isso a que assistimos na capital do Brasil é apenas mais uma briga de gangues. Disputa de território? Não, disputa pré-eleitoral para garantir a apropriação da coisa pública nas eleições deste ano. É uma gangue cujos membros não confiam nem uns nos outros, vários são os episódios de esfaqueamento pelas costas entre eles - lembram-se de quando Roriz teve que renunciar ao Senado? Pois então...
Mas desta vez há novos e inesperados atores no espetáculo da degradação política patrocinada por essa "vanguarda do atraso": a PF, o Ministério Público e a OAB. Emergem como forças novas e diferentes, quebrando, pela primeira vez em muitos anos, a hegemonia dos gângsteres.
Aguardemos a promissora próxima semana...
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Em tempo - Hoje foi dia de soltar mais um foguete daquela caixa que fica guardada em um vão qualquer: passou para o andar de baixo o general Ivan de Souza Mendes, último chefe do famigerado Serviço Nacional de Informação - o temível SNI dos tempos da ditadura empresarial-militar.
2 comentários:
Não sei se é pessimismo ou excesso de realismo, mas sempre que pequenas conquistas como essa acontecem - um criminoso rico ser preso, ainda que em sala especial e com diversas regalias - tenho a impressão de que é só um sopro breve de esperança. Uma brisa que vem e passa antes de outros furacões de bolsas, cuecas e meias abarrotadas de dinheiro sujo.
Mas já é melhor que nada!
Quem sabe um dia essa triste lógica vigente muda para melhor.
E quanto ao vestido... Que exemplo de elegância da distintíssima noiva! De cair o queixo de mulheres melancias, melões, maçãs, morangos e outras frutas por aí! hahahaha
Pois é, Oksana, eu também sou pessimista, aproveito para curtir agora, antes de amargar a frustração.
Quanto ao modelito da noiva, acredita que é pintura corporal?...
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