São terríveis as imagens do terremoto que arrasou a região centro-sul do Chile hoje. Segundo os especialistas, a origem do tremor de 8,8 graus na escala Richter localiza-se a mais ou menos 30 km de profundidade, diferentemente daquele ocorrido no Haiti, cujo ponto de origem foi a uma profundidade de 10 km.
Não há como ficar indiferente ao desespero do povo chileno, ainda atordoado pela tragédia, procurando sobreviventes e contando seus mortos. Mais uma vez é preciso formar a corrente de solidariedade para a ajudar nossos irmãos latino-americanos.
Mas algumas reflexões se impõem neste momento doloroso, quando todos os meios de comunicação fazem a cobertura incessante do cataclisma e de suas consequências para os países vizinhos, por causa do alerta de tsunami provocado pelos tremores. É inevitável a comparação com o que ocorreu no Haiti, país sabidamente muito mais pobre do que o Chile.
No Haiti, as construções não tem a solidez das construções chilenas, erguidas de acordo com normas observadas em países que se sabem sujeitos a tremores de terra. Os prédios e casas haitianos foram erguidos com material mais barato, utilizando técnicas nada modernas de construção civil. Evidentemente, são construções mais vulneráveis a tremores de terra, como o que recentemente arrasou aquele país, provocando mais de 200 mil mortes.
No Chile, até o momento, tem-se notícia de algo em torno de 200 mortes e muitos estragos e prejuízos. Além da maior segurança proporcionada pela engenharia civil chilena, é certo que os danos e mortes não foram maiores graças à profundidade em que se originou o tremor. No Haiti, além da precariedade das construções, ainda se deu que essa profundidade foi menor, tornando o terremoto, portanto, muito mais arrasador.
Obra do acaso, que fez com que o Chile ficasse menos exposto do que o Haiti? Sim, pode haver a mão do acaso nisso. Mas não se pode negar que a muito maior extensão da tragédia haitiana tem relação direta com a pobreza do país, cuja população foi muito mais prejudicada e continua muito mais desassistida do que a população chilena, já que a defesa civil do Chile é mais bem equipada e preparada para lidar com esse tipo de desastre natural.
Graças à maior solidez também da democracia chilena, seu povo não corre o risco de que tropas internacionais sejam deslocadas para lá, a pretexto de levar "ajuda humanitária", como ocorreu no Haiti, que hoje pode ser caracterizado como um país ocupado pelas forças armadas dos EUA, enquanto sua desesperada e pobre população luta para estabelecer um mínimo de normalidade em seu cotidiano.
2 comentários:
Os desastres ambientais afetam a todos mas prejudicam sempre os mais pobres. O alagão de São Paulo é um exemplo disto, assim como a tragédia do Haiti. Para a midia, no entanto, não importa do número de vitimas, mas os grupos sociais afetados e o valor dos prejuizos materiais das vitimas, não a sua importancia para a vida de cada um. Um hotel de luxo vale mais que uma creche, um automóvel mais que um fogão. Ou seja, o público alvo da notícia é aquele que consome mais, portanto é preciso mostrar os efeitos das catrástofes sobre aqueles grupos sociais com os quais os grandes consumidores se identificam. O mundo é cruel.
Ei querida Bel!
Vim aqui postar meu comentario sobre essas trajedias, mas o Gilson falou tudo e melhor do que eu seria capaz.
Abracos!
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