terça-feira, 3 de novembro de 2009

Impressões de viagem

Austrália é um país rico.

Depois dessa viagem, quando disserem que é um Brasil que deu certo, não concordarei. Não há parâmetro de comparação para afirmar isso. São processos de formação e projetos de nação muito diferentes.

A Austrália me pareceu mais uma extensão da Inglaterra no portal de entrada para a Ásia. Ocupa ali uma posição estratégica de defesa dos interesses ingleses e americanos. É alinhada com a política estadunidense: tem tropas no Afeganistão e no Iraque, faz parte da Comunidade Britânica, é parlamentarista e cultua a rainha da Inglaterra.

Possui área quase do tamanho do Brasil, mas não tem mais que 25 milhões de habitantes, a maioria concentrada nas cidades do litoral. Os jogos de azar são liberados, os australianos são apostadores contumazes e há grande número de viciados em jogos. Conhecemos dois grandes cassinos e vimos muitas casas pequenas de apostas. Eles apostam mais em corridas de cavalos e corridas de cachorros.

A leitura dos jornais mostra que no país há escândalos de corrupção e também o crime organizado ligado à jogatina. Há pessoas riquíssimas, tipo megaempresários, mas não há, pelo menos aparentemente, o lado oposto da pobreza extrema. Dá a impressão de ser um país de classe média: consumismo e alienação, mas também qualidade de vida.

O processo de aniquilamento dos aborígenes é visível. Hoje eles são minoria, vivem de bolsas do Estado, sofrem com as doenças típicas dos brancos: alcoolismo e depressão, com alto índice de suicídios. Contraditoriamente, é a arte aborígene que parece ser a mais autêntica expressão da Austrália. Vimos nos museus mais arte aborígene do que a produzida pelos australianos de origem anglo-saxônica. É a preservação da cultura de um povo em extinção, que morre na realidade mas se mantém presente na arte.