sábado, 30 de janeiro de 2010

A boa nova!

Hoje quero compartilhar com meus leitores e minhas leitoras a alegria de receber menção honrosa do "Premio Literário Casa de las Américas", de Cuba, na categoria Literatura Brasileira.

Copiei e colei o texto do resultado, que pode ser conferido no link acima. Foi uma grande surpresa, não esperava estar incluída ao lado de nomes de intelectuais que tanto admiro.

Estou passando alguns dias em Araxá. Neste fim de semana participo do encontro da minha turma de república, amigas da época em que me mudei para Brasília. Na próxima semana este blog voltará a ter postagens regulares.


PREMIO 2010

PREMIADOS

POESÍA

Crónicas de muertes dudosas, Bruno Di Benedetto, Argentina
Del acta del jurado:"Este libro unitario presenta una excelente factura. En él habitan el lirismo, la investigación y un llamativo sentido del humor. Su lectura capta por la destreza expresiva e innovación en el género. Los temas de esta crónica, tomados a veces de la realidad y a veces inventados, logran una obra de actualidad digna de la mejor poesía latinoamericana".
Menciones

Las nuevas epopeyas, Guillermo Rivera, Chile
Carta natal al país de los locos (Poeta en Escocia), Javier Alvarado, Panamá
Antífona de las islas (Sinfonía poemática), Manuel García Verdecia, Cuba


TEATRO

Al otro lado del mar, Jorgelina Cerritos, El Salvador
Del acta del jurado:"Por entregarnos una pieza cargada de poesía, donde la sencillez de la propuesta para la escena encierra, a la vez, una profunda e inteligente reflexión sobre la condición humana; por la destreza del diálogo y la limpieza de su estructura dramática, creando dos personajes y una atmósfera que, con economía de medios, dan grandes posibilidades a actores, directores y a una diáfana comunicación con el público".
MencionesBarbarieSergio Blanco, UruguayLas dos caras de la monedaCheddy Mendizábal Álvarez, Cuba


LITERATURA CARIBEÑA EN INGLÉS O CREOL

Approaching Sabbaths, Jennifer Rahim, Trinidad y Tobago
Del acta del jurado"Colección de poemas bien construidos sobre un discurso identitario que no depende de marcadores ni tropos comunes. Esta poesía sobre la poesía nos transporta tanto a la India como a África, a través de un prisma fundamentalmente íntimo donde la voz poética perpetúa la historia y la memoria colectivas. Los poemas se tornan cada vez más intensos y su lenguaje magistral transmite a la perfección los sentimientos sobre el pasado, el presente y su espacio de pertenencia; logran finalmente plasmar una conciencia de las complejidades históricas, sociales y culturales del Caribe contemporáneo".
Mención honorífica, I name me name, Opal Palmer Adisa, Jamaica


LITERATURA BRASILEÑA

Aprendiz de Homero, Nélida Piñon
Del acta del jurado:"En este libro, Piñon pone su larga experiencia como escritora al servicio de los nuevos aprendices del oficio, reflexiona sobre su propia condición de aprendiz y revela cómo asimiló, con esfuerzo y persistencia, el arte de narrar, pues “entre el deseo de escribir y el acto de crear había que cruzar sobre un abismo sin red de seguridad”. La autora admite su deuda con la tradición oral que escuchaba de los mayores en Galicia y en Rio de Janeiro, lo cual quedó grabado en su memoria. Valiéndose de un amplio espectro literario –desde la Biblia y Homero hasta Shakespeare y Joyce, de Cervantes y Carlos Fuentes a Machado de Assis y Monteiro Lobato- resalta el modo como los dominados y relegados al abandono histórico van refinando su memoria y su visión particular de la realidad. Se trata, en resumidas cuentas, de una defensa radical del arte de crear en una lengua –la portuguesa- valores y procesos universales".
Menciones

Operação Condor. O Seqüestro dos Uruguaios, Luiz Cláudio Cunha, Brasil
Memórias de un intelectual comunista, Leandro Konder, Brasil
Graciliano Ramos, um escritor personagem, Maria Isabel Brunacci, Brasil
Graciliano Ramos: um escritor personagem, de María Izabel Brunacci, Brasil


PREMIO EXTRAORDINARIO BICENTENARIO DE LA EMANCIPACIÓN HISPOANAMERICANA

Jugar con fuego. Guerra social y utopía en la independencia de América Latina, Sergio Guerra Vilaboy, Cuba
Del acta del jurado:"Por ser, entre las obras presentadas, la que mejor se ajusta al tema; por su acercamiento histórico integral al examen del proceso emancipador incluyendo casos pocos conocidos en la historiografía tradicional; por el valioso estudio comparado de las transformaciones sociales derivadas de esos procesos; por su análisis de la progresiva toma de conciencia en torno a la necesidad de la separación política de la metrópoli y de construcción de una unidad política continental; por el acertado empleo de una abundante y actualizada bibliografía, y por contribuir al imprescindible conocimiento de la historia integrada de la región".


Premios de carácter honorífico



PREMIO DE POESÍA JOSÉ LEZAMA LIMA

El cristal entre la luz, Manuel Orestes Nieto, Panamá
"Por recoger, en versos escritos a lo largo de cuarenta años, la producción de uno de los más importantes poetas de su país".



PREMIO DE NARRATIVA JOSÉ MARÍA ARGUEDAS

Tratado del amor clandestino, Francisco Proaño, Ecuador
"Por su excelente prosa y el ingenioso modo mediante el cual recupera, a través de la memoria, una historia de amor, de locura y de muerte, a la novela".



PREMIO DE ENSAYO EZEQUIEL MARTÍNEZ ESTRADA

Relatos de época: una cartografía de América Latina (1880-1920), Adriana Rodríguez Pérsico, Argentina
"Por tratarse de un recorrido profundo y polémico por varios de los autores, libros y mitos de las literaturas hispanoamericana y brasileña de un momento especialmente intenso de nuestra historia".

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Novo capítulo da corrupção

É desalentador, mas não surpreendente, o desenrolar da crise política do Distrito Federal.

As últimas notícias dão conta de que a base aliada do governador Arruda se articula para garantir maioria nas comissões da Câmara Legislativa do DF. A renúncia do presidente (im)Prudente foi mais uma manobra para impedir que a presidência fosse assumida pelo vice, que é de oposição ao governo. O DEM emplacou Geraldo Naves na CPI da Codeplan, crucial para investigar as atividades da quadrilha instalada no governo. O distrital cotado para assumir a presidência já deu entrevista à TV dizendo que fará tudo sem pressa, estritamente dentro dos prazos regimentais - leia-se: devagarinho, para não dar tempo de apurar e punir culpados. Enquanto isso, apoiadores de Arruda aglomeravam-se em frente ao prédio da CLDF, levados por ônibus não identificados.

(Já pararam para pensar por que os vereadores daqui se autodenominam pomposamente de "deputados distritais"? De verdade, mesmo, são só vereadores; basta ver as leis que aprovam!)

São as máfias agindo. O objetivo é garantir mais impunidade. Aguardemos o término desta semana para ver como fica o quadro.

Desalentador, mas não surpreendente, eu disse. Quem conhece a cultura predominante em Brasília não se surpreende com o desenrolar dos fatos. Nesta cidade, a lei vale apenas para os que não são amigos do rei, desde sempre. Antigamente, era comum ouvir, em uma situação corriqueira: "Você sabe com quem está falando?" Eu já tive que ouvir até: "Você sabe com a filha de quem você está falando?"

Em Brasília, todos os postos de gasolina praticam os mesmos preços. E não há ministério público que consiga provar existência de cartel. Há muitos "puxadinhos" e quiosques para invasão de área pública, tanto nos bairros nobres quanto nas cidades-satélites, mas não aparece uma fiscalização que notifique os invasores. Há áreas privatizadas por cercas às margens do lago Paranoá, desde sempre. Figurões dos três poderes locais, e mais outros tantos servidores anônimos que se locupletam em esquemas nos poderes da esfera federal, apropriam-se despudoradamente dos espaços públicos. (Onde anda Agaciel Maia?... Sumiu dos jornais.)

É a cidade das carteiradas, das "autoridades".

Não digo que não haja em Brasília cidadãos honestos, porque os há, em grande número. Mas muitos desses cidadãos honestos tem lá seu receio de se meter em briga de cachorro grande, de exigir a apuração e o fim da roubalheira. Talvez morem em condomínios irregulares e aguardem a regularização, pensando que para isso dependem dos políticos locais; talvez sejam trabalhadores terceirizados e temam por seus empregos; talvez sejam de grupos religiosos e pensem que tem de proteger os de sua religião, mesmo que eles façam a famigerada "oração da propina", para que sejam também protegidos em caso de necessidade.

Esse lado, como vocês veem, não é exclusividade de Brasília. Em muitas outras cidades os cidadãos honestos são premidos pelas necessidades a apoiarem um ou outro grupo político ou religioso (os dois, para mim, são a mesma coisa). É a luta pela sobrevivência, em alguns casos. Mas em outros é puro oportunismo mesmo.

Em Brasília, como no resto do Brasil, há uma imprensa que só noticia o que lhe desagrada se os fatos saltarem descaradamente sobre a realidade. Eu já disse aqui que o
Correio Braziliense transformou Arruda e Paulo Octávio, os cabeças do velho esquema, junto com Roriz, em ectoplasmas, cujos nomes só aparecem nas matérias para realçar qualidades como discrição, perseverança, capacidade de articulação... É o jornal operando a desconstrução do real e apostando no ilusionismo barato.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Quem era Maria Islaine?

Já escrevi aqui que o ciúme resulta do sentimento de posse, o qual, por sua vez, aparece na relação proprietário x coisa possuída.

Fiquei muito tocada com a notícia do assassinato de uma mulher em BH pelo ex-marido, inconformado com a separação. Todas as notícias de assassinatos passionais mexem muito comigo, pelo que esse crime contém da mais abjeta e extrema covardia. Em uma conversa telefônica gravada, o cara, cheio de ódio, disse a ela que não admitiria "perder minha casa". A mulher, trabalhadora em um salão de beleza, tinha denunciado o homem à polícia e pedido providências legais para que ele se afastasse dela, com base na Lei Maria da Penha. Foram registrados oito boletins de ocorrência e quase o mesmo número de intimações ao assassino.

De nada adiantou tudo isso: as medidas policiais foram insuficientes para preservar uma vida, pois a mulher foi covardemente morta a tiros dentro do salão de beleza. E teve sua morte registrada pelas câmeras de segurança que mandara instalar exatamente por medo do ex-marido. Vi nos noticiários da TV o rosto do borracheiro que não admitiu ser abandonado pela mulher. Seu semblante ainda enfurecido mostrava que ele não se arrependera do crime. E é isso o que mais incomoda nessa história.

Minas é pródiga em produzir assassinos de esposas e de amantes. A crônica policial mineira teve um Doca Street, playboy que, nos anos 70, matou a tiros a socialite Ângela Diniz, e teve muitos outros, menos famosos, também ricos ou mesmo pobres, que liquidaram mulheres, umas ricas e muitas pobres, das quais se julgavam proprietários.

Ângela Diniz e Doca Street

Mas não se trata de uma peculiaridade apenas dos homens mineiros. Homicídios por motivos passionais são muito comuns no Brasil, onde vicejou a abominável tese jurídica da "legítima defesa da honra" para absolver esses assassinos.

Há, porém, uma questão abaixo da superfície dessas histórias de assassinatos por ciúmes. As motivações para o crime passam também pelo fator propriedade privada e pelo viés patrimonialista do capitalismo. Um divórcio sempre vem acompanhado da disputa pelos bens do casal e do pagamento de pensão para os filhos que, na maioria dos casos, passam a maior parte do tempo com a mãe do que com o pai. Não raro, o homem se acha injustiçado nessa partilha e tende a culpar a mulher pelo seu "prejuízo". Pior é pensar que não é mais dono do corpo feminino e que seus bens e seu dinheiro proporcionam à mulher a despreocupação com a sobrevivência, permitindo-lhe ter tempo livre para se relacionar com outros homens. Nos fins de semana, enquanto ele cuida das crianças. Idéia insuportável!

O slogan da campanha feminista contra o assassinato de mulheres, nos anos 70, era "Quem ama não mata". (esse slogan foi apropriado pela TV Globo nos anos 90 para dar título a uma minissérie cujo final - quem mata quem? - era decidido pelo público. Atenção: não havia a opção "ninguém mata ninguém"!) Mas, como acontece com todo slogan que surge no seio de um movimento legítimo de protesto, foi gradativamente sendo modificado, estendido para outros tipos de violência e teve seu conteúdo político inicial esvaziado.


Hoje, parece que os assassinatos de mulheres por seus ex-parceiros aumentaram. E já não causam a mesma comoção generalizada causada pelos assassinatos dos anos 70. A cabeleireira de BH não terá passeata com seu nome escrito em faixas, não motivará atos públicos e, provavelmente, passará de vítima a provocadora da própria morte, no discurso de um habilidoso advogado de defesa. E o borracheiro consegue o que queria: não perder sua casa.

Ah... o nome dela era Maria Islaine.