quarta-feira, 7 de abril de 2010

O banquete dos ricos

De volta a Brasília, é hora de refletir sobre os dias passados em João Pessoa.

Cidade linda, possui uma orla bem cuidada. Uma lei municipal proíbe a construção de prédios de mais de quatro andares perto da praia. Os passeios ao longo do litoral levam-nos a praias lindas, algumas semidesertas. Há mar para todos os gostos, de surfistas a famílias com crianças pequenas. Bom demais.


O povo paraibano é muito simpático e receptivo. Os profissionais das diferentes áreas do turismo são motivados e extremamente bem-humorados.

Uma das peculiaridades dos paraibanos em geral é o humor. São capazes de tiradas muito inteligentes e sutis. E possuem expressões muito diferentes para determinadas situações. Até hoje ainda não entendemos direito o que quer dizer "criar urso no quintal", expressão usada pelo guia que nos levou ao passeio pelas praias do sul. Um cara muito falante, que sabe ser engraçado sem ser indelicado e atende pelo apelido de Hulk, porque possui lindos olhos verdes, encravados em um rosto meio indígena.

Pois então. Os garçons tem senso de humor, os motoristas de táxi, os donos de bares, os funcionários do hotel... Não sei se é um traço marcante dos paraibanos em geral ou se demos sorte de cair nos ambientes em que se concentravam as pessoas bem-humoradas. Sei que foi uma convivência interessante.

Vimos os bairros onde vivem os ricos, perto do mar. Também passamos pelos lugares da pobreza, que não é pouca em João Pessoa, e fica geralmente afastada dos pontos turísticos, como em qualquer outra cidade da costa brasileira.

Houve um episódio que turvou nossa alegria e descontração, durante o almoço do primeiro dia, após uma manhã gostosa de praia. Notamos a presença de um homem, na casa dos sessenta, acompanhado de meninas que, a princípio, pensamos serem filhas dele. Só que não demorou para percebermos as carícias que fazia na perna de uma delas, discretamente, por baixo da mesa. A peixada que saboreávamos, de repente, adquiriu um sabor de puro sal. A indignação por estarmos tão próximos de um provável aproveitador de meninas tomou conta de nós.

Também discretamente, um de nós saiu do restaurante e buscou o telefone mais próximo. Tentou ligar para todos os números divulgados pela polícia nos cartazes de combate ao crime de exploração sexual de menores. O primeiro número ficava tocando uma gravação que dizia como era importante aquela ligação; o segundo só dava ocupado; o terceiro não atendia; o quarto só tocava uma musiquinha. O jeito foi largar o telefone e parar uma viatura da Polícia Militar que passava pela rua.

Feita a denúncia, vimos quando os policiais chegaram ao restaurante. Dirigiram-se a um dos garçons e perguntaram se havia por ali um senhor de cabelos grisalhos acompanhado de duas menores. O garçom disse que não, embora a descrição correspondesse à mesa que ficava bem ao lado dos policiais. Logo veio o dono do restaurante e notamos que ocorria uma "operação abafa". Pedimos a conta e saímos do local. Ficamos em frente ao hotel, na mesma rua do restaurante, e vimos quando o distinto senhor passou tranquilamente de mãos dadas com uma das meninas, que por sua vez dava a mão à outra. Em suma, nada aconteceu.

Pois bem. Há tempos eu não viajava para uma cidade litorânea. Havia me esquecido de que essa é uma prática frequente no litoral brasileiro. Praia e turismo sexual dão uma combinação iníqua. Geralmente são meninas pobres as vítimas dos turistas endinheirados. Pobres e cada vez mais novas, na faixa dos 12 aos 14 anos. Esse é mais um capítulo cruel das relações entre as classes, no Brasil. Aqui os pobres, de ambos os sexos, servem também para o prazer do banquete dos ricos.

Mas não pensem que essa iniquidade é exclusividade das cidades nordestinas. Não, isso ocorre também no sul maravilha, assim como nas cidades da região norte.


Fica aí o flagrante dessa prática deplorável, que precisa de combate sem trégua.

domingo, 4 de abril de 2010

Feriadão

O feriadão em família está sendo ótimo. João Pessoa é uma cidade muito agradável. O clima está cooperando: sol, chuva para dar um refresco, mais sol, mais chuva rápida. Fizemos dois passeios muito bons: o primeiro pelas praias do litoral norte, com desfecho no entardecer ao som do Bolero de Ravel, em Cabedelo; o segundo pelas praias do litoral sul, todas lindas.

As menininhas estão curtindo muito. A mãe e a tia das menininhas também. Eu estou feliz porque, além de estar curtindo as praias, estou adorando a convivência com toda a família em tempo integral. Isso só foi possível com a vinda da Natália, em férias. Bom demais!

Este post é só para dar alguma notícia para meus 24 seguidores e virtuais leitores. Quando voltar, falarei de duas peculiaridades que observei aqui, uma boa e outra ruim. Aguardem.

Até mais!