quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz 2010!!!

Receita de ano novo


(Carlos Drummond de Andrade)


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


"Anistia não é amnésia."

A disputa política continua. Deu no blog do Azenha:

OAB critica Jobim por reagir à criação de comissão para investigar ditadura militar

por Luciana Lima, repórter da Agência Brasil

Brasília - “Anistia não é amnésia”, disse hoje (30) o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, ao criticar as o que chamou de “pressão” do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e de comandantes militares contra a criação da Comissão da Verdade, prevista no Programa Nacional de Direitos Humanos.

"O Brasil não pode se acovardar e querer esconder a verdade. Anistia não é amnésia. É preciso conhecer a história para corrigir erros e ressaltar acertos. O povo que não conhece seu passado, a sua história, certamente pode voltar a viver tempos tenebrosos e de triste memória como tempos idos e não muito distantes", declarou Britto.

A criação de uma comissão especial para investigar torturas e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985) causou divergência entre o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, órgão responsável pela elaboração do programa, e o ministro da Defesa. Nelson Jobim. Para Jobim e para os militares, a comissão especial teria o objetivo de revogar a Lei de Anistia de 1979.

"Um país que se acovarda diante de sua própria história não pode ser levado a sério. O direito à verdade e à memória garantido pela Constituição não pode ser revogado por pressões ocultas ou daqueles que estão comprometidos com o passado que não se quer ver revelado", disse Britto."O Brasil que está no Haiti defendendo a democracia naquela país não pode ser o país que aqui se acovarda".

A OAB defende no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal Militar (STM) ações reivindicando a abertura dos arquivos da ditadura e a punição aos torturadores. Já o ministro Jobim disse que a busca pela verdade não pode significar “revanchismo”.

Hoje, o Ministério da Defesa e a Secretaria de Direitos Humanos informaram que os ministros não pretendem falar sobre o assunto nem divulgariam notas a seu respeito.

Já passa da hora!!!!

O Brasil, diferentemente da Argentina e do Chile, ainda não começou a passar a limpo o período da ditadura militar. Ainda não responsabilizou lideranças militares e civis pelo golpe empresarial-militar que se abateu sobre o país em 1º de abril de 1964. Ainda não recontou a história oficial pela ótica das famílias que perderam seus filhos na luta contra o arbítrio e o autoritarismo. Ainda não puniu os torturadores e assassinos que, em nome do combate ao comunismo, trucidaram homens e mulheres que lutavam pela democracia.
E quando surge qualquer iniciativa para dar início a esse ajuste de contas, as reações são iradas e irracionais. Os apoiadores da ditadura estão ainda hoje na ativa, no Congresso Nacional, no Executivo e no Judiciário. É preciso tornar público o passado daqueles que se beneficiaram do regime, denunciá-los como cúmplices de crime de lesa-humanidade, que é imprescritível.
Fiquemos atentos, porque deu na Folha de São Paulo de hoje:

Contra "Comissão da Verdade", comandantes ameaçam sair

Exército e Aeronáutica dizem que plano para apurar tortura na ditadura é revanchista

Secretário de Direitos Humanos também diz que se demite se houver recuo; Lula deve deixar decisão de impasse para volta de férias

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os comandantes do Exército, general Enzo Martins Peri, e da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, ameaçaram pedir demissão caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não revogue alguns trechos do Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que cria a "Comissão da Verdade" para apurar torturas e desaparecimentos durante o regime militar (1964-1985).
Em reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, no dia 23, às vésperas do Natal, os dois classificaram o documento como "excessivamente insultuoso, agressivo e revanchista" às Forças Armadas e disseram que os seus comandados se sentiram diretamente ofendidos. O comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto, não estava em Brasília.
Jobim disse que não tinha sido consultado sobre os termos do plano, que não concordava com tentativas de revanchismo e que iria falar com Lula a respeito. Com isso, acabou colocando o presidente entre dois polos de pressão: os militares, de um lado, e o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, do outro.
Lula embarca hoje para a folga de fim de ano na Bahia procurando uma solução de contemporização. Os militares se contentariam com mudanças no texto, mas Vannuchi está irredutível e também ameaça sair do governo caso haja recuo.
Até ontem, a opção de Lula para minimizar a crise era uma saída de meio termo: não mexer no texto, mas orientar as comissões técnicas encarregadas de executá-lo a ignorar na prática os pontos mais críticos.
À Folha, um alto funcionário civil disse que a "tensão está fortíssima". Esse clima ficou evidente na cerimônia que Lula presidiu anteontem, no CCBB, para sancionar a nova lei de cargos e salários dos taifeiros da Aeronáutica, na presença de Saito, que conversou à parte com o presidente.
Convidado por Lula, Jobim disse que não poderia comparecer à cerimônia porque estaria fora de Brasília. Quem acabou aparecendo, para um evento da Funai, foi Tarso Genro. Também conversou reservadamente com o presidente.
Vannuchi está no olho do furacão: ele tinha despacho com o presidente às 18h do mesmo dia, mas o encontro foi adiado de última hora para ontem e, no final, acabou não acontecendo, o que aumentou a suspeita de que ele também tenha colocado o cargo à disposição.
Lula conversou com Vannuchi por telefone e lhe falou sobre a "fórmula de conciliação", mas o desfecho ficará para a volta de Lula, em 11 de janeiro.
O foco da crise é o sexto capítulo do Plano de Direitos Humanos, anunciado por Lula no dia 21 e publicado no "Diário Oficial" da União, no dia seguinte, com 180 páginas.
O capítulo se chama "Eixo Orientador 6: Direito à Memória e à Verdade". Duas propostas deixaram a área militar particularmente irritada: identificar e tornar públicas as "estruturas" utilizadas para violações de direitos humanos durante a ditadura e criar uma legislação nacional proibindo que ruas, praças, monumentos e estádios tenham nomes de pessoas que praticaram crimes na ditadura.
Na leitura dos militares, isso significa que o governo do PT, formado por muitos personagens que atuaram "do outro lado" no regime militar, está querendo jogar a opinião pública contra as Forças Armadas.
Imaginam que o resultado dessas propostas seja a depredação ou até a invasão de instalações militares que supostamente tenham abrigado atos de tortura e não admitem o constrangimento da retirada de nomes de altos oficiais de avenidas pelo país afora.
Em Brasília, por exemplo, há a ponte Costa e Silva e o Ginásio Presidente Médici -ambos presidentes no regime militar.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A culpa é do Fidel!

Assisti ontem a um filme que já não deve ser novidade para muita gente, pois foi lançado em 2006. Trata-se de A culpa é do Fidel (La faute à Fidel - França, 2006 - Direção: Julie Gavras - 95 min - Elenco: Nina Kervel-Bey, Julie Depardieu e Stefano Accorsi).


A diretora, Julie Gavras, é filha do cineasta grego Costa-Gavras e conduz, com humor e sensibilidade, a história que se narra na tela. Trata-se de uma menina de 9 anos, que nos anos de 1970 vive uma transformação radical em seu cotidiano e em sua maneira de ver o mundo, a partir da adesão dos pais ao comunismo, com toda a militância que isso implicava naquela época.
Anna de la Mesa é a garota cujo mundo organizado - casa boa e bonita, com jardim; escola católica; avós donos de terra que produz vinho - vem abaixo quando os pais assumem a militância, passando meses fora de casa, quando abraçam o sonho do socialismo e resolvem apoiar a eleição de Salvador Allende no Chile. É uma menina inteligente, reflexiva e questionadora, que cumpre uma trajetória de amadurecimento e renova sua compreensão de mundo, ao mesmo tempo em que lida com sentimentos de abandono e de perda da vida estável e sem sobressaltos que levava antes. Isso produz cenas excelentes, como aquela em que Anna discute com os camaradas do pai, um bando de "barbudos e vermelhos", como ensinara a ela a empregada que fugira de Cuba: todos com objetivo de espalhar o comunismo pelo mundo, influenciados pelo demônio que era Fidel.

Julie Gavras imprime a perspectiva da garota de 9 anos à câmera. Tudo é visto a partir do seu ângulo de visão: na passeata, onde Anna vai aprender sua "lição de solidariedade", o que as lentes mostram é apenas parte das pessoas que se aglomeram na rua, de pernas que correm, da fumaça que sobe do asfalto quando se ouvem explosões de bombas de efeito moral. É o olhar da menina recolhendo fragmentos da realidade, aquilo que lhe é permitido ver pelos olhos da infância.
Se você vai curtir preguiça no feriadão de fim-de-ano, é uma boa pedida para aquele dia chuvoso.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Votos para 2010

Deixo a vocês, em forma de votos para o ano novo, o poema "Lista de preferências de Orge", de Bertolt Brecht, que recebi de outra Isabel, lá do Pará, minha aluna e amiga nada oculta do curso de Licenciatura em Artes da UFPI:

Alegrias, as desmedidas.
Dores, as não curtidas.

Casos, os inconcebíveis.
Conselhos, os inexequíveis.

Meninas, as veras.
Mulheres, insinceras.

Orgasmos, os múltiplos.
Ódios, os mútuos.

Domicílios, os temporários.
Adeuses, os bem sumários.

Artes, as não rentáveis.
Professores, os enterráveis.

Prazeres, os transparentes.
Projetos, os contingentes.

Inimigos, os delicados.
Amigos, os estouvados.

Cores, o rubro.
Meses, outubro.

Elementos, os fogos.
Divindades, o Logos.

Vidas, as espontâneas.
Mortes, as instantâneas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A opção pelos pobres...

Da UOL Notícias
Comportas fechadas na barragem da Penha para proteger a marginal ajudaram a alagar a zona leste de SP

Fabiana Uchinaka

As seis comportas da barragem da Penha, na zona leste de São Paulo, foram completamente fechadas às 2h50 do dia 8 de dezembro, dia em que a cidade enfrentou fortes temporais e viu diversos pontos alagarem como há muito tempo não se via. Somente dois dias depois, às 17h20, todas as comportas foram abertas. Os dados, fornecidos pelo engenheiro responsável pela barragem, João Sérgio, indicam que houve uma clara escolha da empresa responsável: alagar os bairros pobres da zona leste para evitar o alagamento das marginais e do Cebolão, conjunto de obras que fica no encontro dos rios Tietê e Pinheiros.

“Mesmo fechando as comportas, encheu o [córrego] Aricanduva. Se eu não tivesse fechado aqui, teria alagado as marginais e toda São Paulo”, justificou Sérgio, que explicou que a decisão vem da direção da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia). Ele acrescentou ainda que no dia 9 duas comportas foram abertas às 10h10 e mais duas às 21h.

O engenheiro argumenta que cada barragem (são quatro em São Paulo: Móvel, Penha, Mogi das Cruzes, Ponte Nova) é responsável apenas por administrar o fluxo de água do local e não sabe o que acontece nos outros pontos, porque não há comunicação. Mas ele acredita que as comportas foram abertas nas barragens de cima, em Mogi, e isso influenciou no alagamento da região da zona leste.

“Não recebo informações de outras barragens. As de cima são administradas pela Sabesp e as de baixo pela Emae. Eu só respondo por essa barragem e às ordens da Emae”, disse. “Também acho estranho o nível da água não baixar aqui e não sei por que está indo para os bairros, mas não precisa ser especialista para ver que está assoreado [o rio]“.

Ele trabalha há quase 15 anos no local e conta que desde o governo de Orestes Quércia (1987-1991) não são colocadas dragas para desassorear o rio na parte que fica acima da barragem. “O governo tentou colocar de novo, mas a própria Secretaria de Meio Ambiente não deixou, porque não tinha bota-fora [local para despejar a terra retirada]“, afirmou.

O desassoreamento do rio daria mais velocidade ao escoamento da água e aumentaria a área de reserva de água perto da barragem, o que impediria o transbordamento para os bairros adjacentes.

Para Ronaldo Delfino de Souza, coordenador do Movimento de Urbanização e Legalização do Pantanal, o governo fez uma opção. “Ou alagava a marginal ou matava as pessoas no Pantanal. E matou”, disse. “E ainda bota a culpa nas moradias. O Estado só se preocupa com o escoamento de mercadorias, só pensa em rodovia. Vida humana não importa”.

Moradores e deputados estaduais fizeram nesta quarta-feira (17) uma inspeção no local para saber se a abertura das comportas tinha relação com o alagamento no Jardim Romano e no Jardim Pantanal, que já dura nove dias.

O movimento, formado por moradores de diversos bairros localizado na várzea do rio Tietê, acusa o governo do Estado e a prefeitura de manterem a água represada além do necessário como forma de obrigar as famílias a deixarem a região, onde será construído o Parque Linear da Várzea do Rio Tietê. Há anos, os moradores resistem em sair dali, porque dizem que o governo não apresenta um projeto habitacional concreto e apenas oferece uma bolsa-aluguel.

“Não era para as máquinas estarem trabalhando aqui? Cadê? Não tem um funcionário do governo aqui”, reclamou, apontando para as ilhas que aparecem no meio do rio, logo acima da barragem da Penha. As dragas são vistas somente na parte de baixo da construção.

“Os córregos do Pantanal já estavam muito cheios três dias antes da chuva. Como não abriram a barragem sabendo que ia chover?”, perguntou Souza, indignado. “O que a gente viu aqui é que não houve possibilidade de escoamento, porque a água ultrapassou o nível das comportas e não tinha velocidade para descer, não tinha gravidade”, concluiu.

Segundo os registros da barragem, no dia 8 a água ficou acima do nível das comportas por 5 a 6 horas. Sérgio explicou que a queda do rio Tietê é de apenas 4% e por isso a vazão demora cerca de 72 horas desde a barragem de Mogi das Cruzes até o centro da cidade — isso sem chuva. “É demorado, sempre foi”, disse.

“Imagina o que uma hora de comportas fechadas não faz de estrago lá no Pantanal”, falou Souza, diante dos dados. “Se fecha aqui, a água para de novo, perde velocidade e vai demorar mais 72 horas para descer”, afirmou.

Os deputados estaduais que acompanharam a inspeção concordam con a teoria dos moradores. “Foi feita uma escolha e a corda estourou do lado mais fraco”, afirmou o deputado estadual Raul Marcelo (PSOL). “É uma questão grave. A falta de comunicação e de um gerenciamento unificado são prova de uma falta de governância e de um planejamento na administração das barragens, o que levou, em grande parte, ao fato do bairro do Pantanal ter sido alagado”.

“Há uma estranha coincidência de que no momento da desocupação há um alagamento desses e ninguém consegue escoar a água. Não havia uma inundação dessas há 15 anos e o nível das águas está subindo mesmo sem chuva. É muito estranho e as autoridades têm que explicar”, completou o deputado estadual Adriano Diogo (PT).

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...

Há dois acontecimentos importantes, simultâneos: a Conferência da ONU para a Mudança Climática, em Copenhague, e a Conferência Nacional de Comunicação, em Brasília. É interessante observar como cada um entra na pauta da mídia nacional.

O evento de Copenhague, desde ontem, tem sido realçado em telejornais e nos jornalões de circulação nacional, notadamente os de São Paulo. A chegada do governador desse estado à Conferência foi tratada como se fosse mais importante do que a atuação dos ministros brasileiros que lá estão. Deu chamada de primeira página na Folha de São Paulo e mereceu destaque no Jornal Nacional de ontem. Não faltou sequer o registro do encontro do "governador do estado mais rico do Brasil" com o "governador do estado mais rico dos Estados Unidos", Arnold Schwarzenegger.

De tudo o que foi registrado, talvez tenha sido esse o encontro mais pitoresco, porque todos se esqueceram de dizer que ambos estavam em um evento secundário da Conferência e, o mais importante, que o "José Sierra" (segundo "Schwarzy"), não tinha delegação de quem quer que fosse para falar em nome do Brasil. Tanto que, logo depois desse evento secundário, começou a reunião "de alto nível" (segundo o JN), na qual estavam os ministros Carlos Minc e Dilma Roussef. Sintomaticamente, o que mais se explorou no noticiário foi o forjado desentendimento entre ambos. Forjado porque houve edição das entrevistas para inverter as falas dos dois, dando a impressão de que eles se desentendiam, quando, na verdade, estavam bem sintonizados. Hoje, a chegada de Lula a Copenhague - saudado, sempre, como grande estadista pela imprensa estrangeira - mudou o tom da cobertura e deixou a mídia brasileira menos à vontade para manipular tão grosseiramente a cobertura.

Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, cobertura capenga da CONFECOM. É quase como se o evento, que reúne mais de 1.600 delegados em Brasília, não existisse. Destaque para o que ocorre lá dentro, só nos blogs. E todos eles dão notícia de que há confronto aberto, para aprovação das propostas, entre os segmentos da "sociedade civil" e "empresarial". Como cada um deles tem 40% dos votos e o segmento "governo" tem 20%, esperemos saber para qual lado penderá o fiel da balança. Torcendo para que sejam aprovadas propostas que abram a possibilidade de os órgãos de imprensa manipuladores da informação poderem ser cobrados, dentro de um marco regulatório bem definido, a assumir a responsabilidade pelas manipulações e distorções das notícias.

Pergunte aos jornalistas desses veículos por que a cobertura de cada Conferência é tão diferente. A resposta que você ouvirá está no título deste texto.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Uma semana em Teresina!

A semana que passou foi dedicada à disciplina Literatura II, no curso de Licenciatura em Artes, da Universidade Federal do Piauí/PRONERA, Turma Augusto Boal, composta por alunos do MST.
Lemos e discutimos Antonio Candido, mais uma vez; nosso sempre atual mestre nos ensinou a ver os dois gumes da literatura. Feito isso, partimos para leitura e discussão de São Bernardo, de Graciliano Ramos.
Descobrimos como esse escritor modulou a perspectiva para que a história fosse narrada do ponto de vista de Paulo Honório, proprietário da fazenda que dá nome ao romance.
Lemos também o Auto do Frade, de João Cabral de Melo Neto, o que nos levou a discutir a necessidade de que sejam mais estudados os movimentos rebeldes registrados pela História do Brasil que, como no caso deste "poema para vozes", são captados pela literatura.

Nos diálogos disciplinares, lemos e comparamos Morte e vida severina, do mesmo João Cabral, com Mutirão em Novo Sol, peça escrita por Augusto Boal, Nélson Xavier e outros, na década de 1960.
Para concluir essa viagem teórico-analítica, foi lido e discutido o texto de Hermenegildo Bastos, A permanência da literatura.
A semana foi, de fato, muito proveitosa. Vários textos foram produzidos, junto com a discussão de diferentes problemas motivados pela leitura. O debate foi uma constante, situado em um patamar no qual as restrições da ideologia burguesa não tiveram lugar.
Nesta etapa, pude notar significativo progresso da turma, que avançou em termos de leitura e expressão escrita, assim como na qualificação das discussões e do debate.
E a turma está produzindo bastante. Vejam alguns trabalhos:






Por último, nossa foto no último dia de aula:

Apesar do calor de 40 graus, apesar da precariedade das instalações, valeu a pena! Voltei para Brasília com energia nova, acreditando no que existe de humano nas pessoas...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sobre os acontecimentos recentes em Brasília.

Preparem-se, que o texto é longo:

UM MENTIROSO E SEU ESQUEMÃO

Provocam alguma reflexão, além de muita indignação, os acontecimentos das últimas semanas em Brasília, com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acossado por denúncias de corrupção, e as imagens da repressão das manifestações pelo seu impeachment por parte do Batalhão de Cavalaria da Polícia Militar do DF.

Não se trata de denúncias em que se tem a palavra de um contra a de outro. Há cenas explícitas de distribuição de dinheiro vivo – e muitas – gravadas por um ex-secretário do governo, com autorização da Justiça, no bojo de uma investigação realizada pela Polícia Federal. Estão envolvidos, de acordo com os diálogos e imagens dessas cenas gravadas, além do governador, também o vice-governador, Paulo Octávio, e deputados distritais, a começar pelo presidente da Câmara Legislativa do DF e pelo então corregedor daquela casa, entre outros menos visíveis, mas não menos importantes líderes partidários na vida política do DF, como o secretário de saúde, Augusto Carvalho, e seu subsecretário, Fernando Antunes. Junte-se a esse bolo a decana Eurides Brito, toda cautelosa a trancar a porta do escritório antes colocar a bufunfa na bolsa. E outros, mais outros, já revelados nas gravações e ainda por revelar...

É um escândalo de grande monta, não resta dúvida, tanto do ponto de vista financeiro, posto que a distribuição de dinheiro já vem de alguns anos, quanto do ponto de vista ético, pela desfaçatez das declarações públicas dos denunciados.

Após sumiço de alguns dias, seguido de seu pedido de desligamento do DEM para evitar a expulsão, Arruda agora deixa claro que articula sua base de apoio na Câmara Legislativa para evitar o impeachment – já são oito os pedidos protocolados naquela casa.

Assim, exonerou de seus cargos no governo dois secretários para que voltem â Câmara: Eliana Pedrosa – já investigada por envolvimento no escândalo da terceirização do cemitério de Brasília – e Paulo Roriz.

Os deputados denunciados, em vez de se declararem impedidos de continuar exercendo seus mandatos e, mais, de votar o impedimento do governador de cujo esquema de corrupção participaram, voltaram serelepes a ocupar suas cadeiras naquela casa legislativa, após breve e silencioso sumiço, prontos para votar de acordo com a orientação do governador. Já que provar inocência nessas acusações, tão clara e cristalinamente provadas, será difícil, trata-se agora de unificar o discurso de que não houve crime de corrupção, mas apenas arrecadação de dinheiro para a campanha política que se aproxima; por isso circulou tanto dinheiro vivo de mão em mão, com direito até ao ritual de oração para agradecimento da rica dádiva. Mais uma vez se anuncia, no âmbito dos poderes locais, a grande disposição para a fabricação de enorme e indigesta pizza! Ou panetone?...

Perfil de um mentiroso compulsivo

No meio de tudo isso, vale a pena parar um momento para refletir sobre o perfil desse senhor, José Roberto Arruda, especialista em espetaculares performances midiáticas, laboriosamente calculadas para reconstruir e reafirmar sua imagem de bom moço, seriamente danificada após o conhecido episódio de violação do painel de votações do Senado Federal, em parceria com o senador Antonio Carlos Magalhães, à época em que esse bom moço era líder do governo FHC naquela casa legislativa.

Naquela ocasião, Arruda mentiu e sustentou até o último minuto sua mentira. Foi à tribuna do Senado, tentou transferir a culpa a servidores da Casa, chorou, jurou, só faltou espernear. Pode ter comovido alguns de seus pares, mas, alertado por ACM de que a cassação seria inevitável, dada a transparência de seu comportamento delinquente – muito mais que simples quebra de decoro parlamentar –, antecipou-se e apresentou seu pedido de renúncia ao cargo de senador.

Mas não se afastou da vida política. Sem lugar no PSDB das vestais de fachada, bandeou-se para o então PFL – hoje autodenominado Democratas, em vã tentativa de apagar a história de sua origem na ditadura militar.

No trabalho de reconstrução da imagem pública dedicou-se a arregimentar, imagine-se com que métodos, cabos eleitorais na periferia de Brasília. Esmerou-se o atual governador em agradar a classe média do Plano Piloto, especialmente os mais jovens. Entre suas conquistas, sobressai o número de turmas de formandos que apadrinhou, inclusive na mesma Universidade na qual estudam hoje os mesmos estudantes que fazem manifestações de repúdio ao seu governo. Certa vez, ao questionar um formando da turma de Ciência Política, sobre o porquê de Arruda ter sido convidado para paraninfo, recebi a seguinte resposta: “Ele paga a festa e o churrasco”. Essa imagem reconstruída foi endossada alegremente pela mídia local, que via no ex-senador o candidato ideal para enfrentar Geraldo Magela, do PT, nas eleições do Distrito Federal.

Elegeu-se em 2006 o único governador do DEM. Governou até duas semanas atrás com o irrestrito apoio da mídia local: jornais e emissoras de TV raramente apresentam matérias com críticas a Arruda; quando o fazem, forçados pela alta visibilidade de algum problema de sua administração, ouvem e reproduzem enfaticamente a versão governamental, em atitude cúmplice, minimizando sua responsabilidade. Basta lembrar que, quando estourou este último escândalo, não houve sequer uma chamada de primeira página no Correio Braziliense, que apenas iniciou timidamente sua cobertura dois dias após a divulgação das gravações, quando não havia mais como justificar seu silêncio.

Lembro que Arruda, em um programa do horário político de sua campanha para governador, abordou o assunto da violação do painel do Senado. Chorou, reconheceu que havia cometido um erro e pediu perdão à população do Distrito Federal, jurando que havia se regenerado, que havia aprendido a ser humilde após o episódio. Prometeu que a palavra de ordem de seu governo seria “honestidade”. Assim amealhou, com apoio maciço da mídia local e de generosas doações de campanha – declaradas e não declaradas, sabe-se hoje –, a maioria dos votos dos eleitores, que lhe deram a implorada “segunda chance”.

Flagrado novamente em “desvio ético” – eufemismo que começa a aparecer nas colunas de alguns jornalistas –, Arruda volta a mentir. Mente tanto e com tal sinceridade que chega a acreditar nas mentiras que conta, com os olhos marejados. No discurso de desligamento do DEM, atribui a adversários políticos o trampo em que se meteu, pois o querem fora da disputa do governo em 2010. Mais uma vez põe-se a reconstruir com afinco a imagem de bom moço. Esconde o favorecimento de seu governo à empresa que tem como sócio um filho seu; esconde o cargo comissionado de sua filha, de alto salário, no Judiciário do DF, na tentativa de esconder a rede de favores que estabeleceu com “amigos” nos tribunais. A reconstrução de sua imagem só se pode efetivar pelo ato recorrente de esconder fatos e informações, acostumado que está a esconder também o dinheiro que recebeu ao longo desses anos e o aumento desproporcional de seu patrimônio declarado.

No caso do governador do DEM, vale a máxima, com pequena alteração: “quem sai aos seus não se regenera.” Arruda pensa que pode continuar a mentir, pois quem acredita nas próprias mentiras pensa que não está mentindo. Cabe ao cidadão do Distrito Federal decidir se acredita ou não em suas mentiras: se o deixa quietinho no cargo, escondendo impunemente o que há para se esconder, ou se vai para as ruas, gritando de peito aberto pela sua cassação e de todos os que participaram com ele de mais um “esquemão”.



Inaugurando nova fase

Depois da viagem à Austrália, que foi boa demais, ficamos com pena de desativar este blogue. Ele se mostrou um canal eficaz de comunicação com nossos amigos e parentes enquanto estivemos fora.
Por isso, resolvemos mantê-lo, mudando um pouco o foco: agora as viagens serão todas as que fizermos e que tiverem coisas interessantes para serem mostradas aqui. Mas não só isso: vamos também comentar aqui os assuntos do momento, nas áreas de arte, literatura, cinema e política.
É uma nova fase do blogue. Daqui a um tempo, pararemos para avaliar se continuamos com ele ou se paramos definitivamente. Enquanto isso, continuem nos acompanhando...


E apreciem esta belíssima foto, de autoria do Ripper, que nos mostra que a afetividade existe em meio à dureza da vida.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Impressões de viagem

Austrália é um país rico.

Depois dessa viagem, quando disserem que é um Brasil que deu certo, não concordarei. Não há parâmetro de comparação para afirmar isso. São processos de formação e projetos de nação muito diferentes.

A Austrália me pareceu mais uma extensão da Inglaterra no portal de entrada para a Ásia. Ocupa ali uma posição estratégica de defesa dos interesses ingleses e americanos. É alinhada com a política estadunidense: tem tropas no Afeganistão e no Iraque, faz parte da Comunidade Britânica, é parlamentarista e cultua a rainha da Inglaterra.

Possui área quase do tamanho do Brasil, mas não tem mais que 25 milhões de habitantes, a maioria concentrada nas cidades do litoral. Os jogos de azar são liberados, os australianos são apostadores contumazes e há grande número de viciados em jogos. Conhecemos dois grandes cassinos e vimos muitas casas pequenas de apostas. Eles apostam mais em corridas de cavalos e corridas de cachorros.

A leitura dos jornais mostra que no país há escândalos de corrupção e também o crime organizado ligado à jogatina. Há pessoas riquíssimas, tipo megaempresários, mas não há, pelo menos aparentemente, o lado oposto da pobreza extrema. Dá a impressão de ser um país de classe média: consumismo e alienação, mas também qualidade de vida.

O processo de aniquilamento dos aborígenes é visível. Hoje eles são minoria, vivem de bolsas do Estado, sofrem com as doenças típicas dos brancos: alcoolismo e depressão, com alto índice de suicídios. Contraditoriamente, é a arte aborígene que parece ser a mais autêntica expressão da Austrália. Vimos nos museus mais arte aborígene do que a produzida pelos australianos de origem anglo-saxônica. É a preservação da cultura de um povo em extinção, que morre na realidade mas se mantém presente na arte.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

De volta...

Nosso último dia em Sydney foi meio corrido, mas muito bom.

Saímos de manhã, separados: Gilson foi fazer o último passeio no Jardim Botânico e na Art Gallery of NSW e Natália e eu fomos andar na Oxford Street, lugar que nos disseram ser bom para compras... Ledo engano: tudo caro! Mas valeu pela caminhada e pelas fotos:

Da série Casas sem muros

A gente se encontrou para o almoço, que foi rápido e leve, no Queen Victoria Building. Aliás, muitos lugares e prédios tem o nome dessa rainha, mais homenageada que a atual - vocês sabem que os australianos são também súditos da rainha da Inglaterra, não? Olha ela aí, a Victoria:


Não podíamos deixar de visitar a Sydney Tower, que realmente oferece a melhor vista da cidade. Vejam algumas fotos:



Linda, não? O litoral recortado, a modernidade das construções, o sossego das ruas nos bairros, a inexistência de indústria pesada (o que reduz muito a poluição do ar), tudo isso faz de Sydney uma das cidades mais agradáveis da Austrália.

Depois dessa maratona, fomos para o hotel. Nossa intenção era sair mais tarde para um jantar de despedida, mas começamos a arrumar as malas, Natália começou a estudar a teoria do curso de mergulho via internet, e acabamos pedindo uma... pizza!!!

Foi comendo pizza, arrumando malas e lembrando os numerosos micos da longa viagem pela Austrália que rimos e brincamos muito.


Acabamos indo dormir muito tarde, estávamos ansiosos com a perspectiva da viagem. Na quinta-feira, 29/10, pulamos cedo da cama. Pegamos o táxi de um libanês muito comunicativo, que falou mal dos australianos e recomendou a Tchuca que se casasse com um "libanês, mas cristão". Resultado: às 7h30 da manhã já estávamos no aeroporto. Natália foi conosco quase até a porta do avião.

Foto tirada por um velhinho com crachá de embaixador do aeroporto

Na despedida, muitos beijos e algumas lágrimas. Nada italianamente dramático, só aquele separar-se querendo ficar juntos. Natália mandou beijos para todos os parentes e amigos, mandou dizer que adorou TODOS os presentes que mandaram para ela.

E entramos no avião para longuíssimas 26 horas de viagem...

Com direito a uma mal-tirada foto da cordilheira dos Andes, através do vidro do salão de embarque do aeroporto de Santiago:


Descemos no aeroporto de Brasília à meia-noite dessa quinta-feira. Fazemos este post ainda sob os efeitos nefastos do jet lag.

Brevemente escreveremos aqui nossas impressões da Austrália: o que observamos do estilo de vida, da organização social, do povo.

Até!!!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Continuamos em Sydney!

Calma, gente, o chá de sumiço foi porque a Natália anda usando muito o computador para fazer, via internet, as lições preliminares de um curso de mergulho. Quando a gente viajar, na quinta-feira, ela vai ter as primeiras aulas.

Agora é tempo de mimar ainda mais essa menina, porque está chegando o dia em que a gente vai se despedir. Até massagem nos pés ela está ganhando:

No domingo, mesmo com chuva, a gente almoçou no bairro chinês, uma comida deliciosa. Depois passamos na confeitaria japonesa e compramos doces:

Tchuca chama atenção para a forma dos doces...

Depois de comer doces e andar bastante no City Market, ficamos curtindo preguiça no hotel.

Ontem, segunda-feira, como a chuva continuava, com muito vento, o jeito foi a gente visitar o Museu de Arte Contemporânea da Austrália, que fica no Circular Quay:



Como durante a visita foi permitido fotografar, sem flash, fizemos uma montagem com as fotos das obras de arte que vimos lá:





A arte contemporânea daqui nos pareceu preocupada com as questões ambientais. Principalmente os jovens artistas utilizam frequentemente sucata em suas obras. Mas também é uma arte que se reconhece impotente frente aos problemas do meio ambiente.

Bem, depois de almoçarmos com Natália, ainda batemos perna na George Street, principal rua de Sydney. Andamos até!!!

E hoje foi dia de passear no ferry que circula por toda a baía de Sydney e ver algumas belas paisagens, da cidade e dos subúrbios:

Opera House...

Harbour Bridge

Watsons Bay

Darling Harbour

Amanhã, nosso último dia na Austrália, tem mais. Como a meteorologia promete sol, vamos à Sydney Tower, Oztrek and Skywalker. Tem uma vista de 360º da cidade!

Um saquinho de canguru para quem descobrir a Sydney Tower na foto!

E uma coisa é certa: vamos ficar grudados na Tchuca até a hora de embarcar para o Brasil.

Até!!!

domingo, 25 de outubro de 2009

Chuva...

Hoje foi domingo de muita chuva em Sydney. Fotos? Nada.

O que fazer? Mercado, mercado, mercado...

Esperamos que amanhã faça sol.

Até!!!

sábado, 24 de outubro de 2009

A Tchuca chegou!!!

Ontem nosso dia em Sydney foi mais tranquilo.

Fomos ao Powerhouse Museum, dedicado à ciência e tecnologia. Vimos uma ótima exposição sobre os inventores australianos e seus inventos.


Depois passamos pelo bairro chinês, que aqui é bem maior do que o de Melbourne. Tem uma rua repleta de restaurantes, onde almoçamos. A arquitetura é bem típica das China Towns e o comércio também. É lá que fica o City Market, que é enorme e tem lojas que vendem de tudo: roupas, comidas, calçados, souvenires, artesanato etc etc.

Demos uma volta pelo mercado, mais para conhecer. Deixamos para ir lá quando Natália estiver conosco.

Decidimos então conhecer o Jardim Chinês, que fica perto da China Town e de um lugar chamado Darling Harbour, que é um enorme centro de lazer e entretenimento. O Jardim Chinês é um oásis de tranquilidade e sossego encravado no grande centro de Sydney:





Imaginem que neste lugar há sempre barulhinho de água e uma relaxante música chinesa tocando baixinho, enquanto a gente admira o jardim. Tudo que existe lá tem significado dentro da filosofia taoísta. É um espaço para meditação ou, simplesmente, para relaxar e não pensar em nada.

Fechamos o dia com um passeio no Mono Rail, um trem pequeno que se move sobre um único trilho, acima dos carros, na altura da copa das árvores da cidade. Circulamos pelo centro, descemos novamente na China Town e voltamos para o hotel. E foi assim a nossa sexta-feira. Estávamos nos reservando para o reencontro com Natália, que chegou hoje cedinho.

Aí fomos com ela ao Circular Quay, onde fica a Opera House:


Depois batemos perna, a tarde quase toda, no The Rocks Market, que é uma feira de artesanato e de comidas de todas as nacionalidades. Almoçamos lá, em pé, na rua.

O dia no Circular Quay estava lindo:



E também estava bastante multicultural. Vejam este grupo de descendentes de índios dos EUA, da cidade de Seattle:


Voltamos ao hotel para descansar e sair mais tarde, à procura de uma boa cervejinha. Fomos parar em Darling Harbour, onde curtimos um boteco e contamos causos.

Foi um dia bom e nos deixou felizes a companhia da Tchuca. Amanhã tem mais. Até!!!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Adiós, Melbourne! Hello, Sydney!

Tragédia do dia: quando chegamos ao Queen Market, para o tão esperado passeio de compras, estava tudo fechado!!! Ai, que raiva! A gente deu uma de turista principiante e não olhou dias e horários de funcionamento do lugar! Resultado: o entusiasmo para fazer compras deu uma enfraquecida...

Fomos voltando rumo centro da cidade e passamos pelo Precinct chinês, conhecido como China Town. Vejam:


Os patinhos à espera de virar pato laqueado...

O portal chinês

Um restaurante "maoísta"!

Depois disso seguimos até a Collins Street. No caminho, registramos esta arte na rua:


Aí nos separamos: Gilson foi para a National Gallery of Victoria (há exposições que não vimos anteontem) e eu fui percorrer a Collins Street, para ver as lojas.

O que vi foi uma sucessão de grifes famosas, com roupas, calçados, bolsas etc, pelo olho da cara, claro! Depois, na parte mais central da cidade, um formigueiro de gente nas lojas. Bateu, de novo, a preguiça de fazer qualquer compra.

Pensei: quer saber? Vou atrás do Gilson! E se eu me arrepender de não ter ido ver as outras exposições?... Fui!!!

Agora vejam as fotos que ele fez pelo caminho da Collins St. até a NGV:



Na NGV faltava pouca coisa para a gente ver. Na verdade, o melhor das galerias a gente tinha visto na visita anterior. Tiramos apenas algumas fotos do prédio e do jardim, que tem algumas esculturas:

Vejam os estudantes nessa foto...

Esta escultura se chama "Woman sitting"

Da NGV seguimos para o South Gate e almoçamos por lá. Depois fomos para a foot bridge, que tem esculturas interessantes ao longo de todo o seu percurso. Ali também tem o registro, em painéis de vidro, da população de imigrantes em Melbourne, por país. Vejam os números do Brasil, em 2001, ano em que a ponte foi construída. Tem que abrir a foto e usar o zoom, porque foi muito difícil fotografar isso:


Agora vejam uma das muitas esculturas da ponte:


E chegamos à conclusão de que estava mesmo na hora de seguir para Sydney, porque tivemos a sensação de já ter visto tudo o que há para turista ver em Melbourne.

Por isso, à noite, fomos a um autêntico pub australiano, tomar cerveja e nos despedir da cidade. Não tiramos fotos lá, porque o lugar estava cheio e um flash ia incomodar as pessoas. Mas o ambiente era descontraído, com as pessoas conversando e rindo. E a decoração é igualzinha à dos pubs ingleses. Muito legal!

Saímos hoje de manhã do hotel e passamos por alguns minutos de aflição por causa do atraso da condução que contratamos para o aeroporto. Na verdade, aflição é pouco: foi o maior sufoco! Mas ao final deu tudo certo e embarcamos para Sydney às 12 horas.

Estamos bem perto do centro da cidade e já fomos jantar em uma festa da gastronomia oriental, que está acontecendo no Hyde Park. Bom demais! Reforça nossa impressão de que a melhor comida da Austrália é a asiática! Nessa festa conhecemos dois ingleses, os irmãos Gary e Sharon; ele é afinador de pianos e ela, dona-de-casa, e estão passeando em Sydney. Batemos um longo papo, não sei se vocês acreditam, mas entendemos tudo o que eles falaram e conseguimos nos comunicar bem.

E eles concordam conosco: o povo daqui fala um inglês diferente, mais difícil de entender, porque modifica a pronúncia das palavras: day vira um quase "dai", vegetablle vira "vegies", hello vira quase relai, e assim por diante.

Mais um dia que foi muito bom, não? Amanhã vamos continuar andando pela cidade, atrás das atrações que não conseguimos ver quando chegamos a este país. Até!!!