terça-feira, 16 de novembro de 2010

Chico, o Jabuti é seu!

Vamos aos fatos.

Existe um prêmio para livros no Brasil, o Jabuti, desde 1958, que consagra os melhores de um conjunto de 21 categorias, por ano. Em 2010 tivemos a 52ª edição, que premiou escritores de diferentes áreas do conhecimento. Pois bem, na categoria Romance, o resultado divulgado pelos três jurados foi o seguinte:

1) Se eu fechar o olhos agora, de Edney Silvestre;

2) Leite derramado, de Chico Buarque de Holanda;

3) Os espiões, de Luis Fernando Veríssimo.

Além de premiar os três primeiros classificados com a famosa estatueta, o Jabuti escolhe também o "livro do ano" em cada uma das categorias. Aí é que entra a premiação em dinheiro, com 100 mil reais para o primeiro lugar. O júri que faz a escolha do livro do ano é o chamado "júri profissional": em vez dos três jurados que classificam os ganhadores da estatueta em cada uma das categorias, trata-se agora do voto de todos os associados das organizações responsáveis pelo Jabuti, ou seja, a própria Câmara Brasileira do Livro, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, a Associação Nacional das Livrarias e a Associação Brasileira de Difusão do Livro. Não é pouca gente, de jeito nenhum.

Este ano o Jabuti teve ainda uma novidade: o "júri popular", que contabilizou mais de 5 mil votos, via intenet.

Leite derramado, de Chico Buarque, foi vencedor tanto na votação do júri profissional quanto na do júri popular. Por isso consagrou-se como o livro do ano de 2010.



Mas um representante da Record, editora do livro de Edney Silvestre, não gostou nem um pouco do resultado que deu a vitória a Chico. Está questionando a CBL, embora tivesse conhecimento dos critérios de escolha dos vencedores com bastante antecedência à votação e divulgação do resultado. O protesto desse senhor resultou em um abaixo-assinado que circula na internet, intitulado "Devolve o Jabuti, Chico". Dei uma olhada no documento, cuja argumentação é pífia. Não convence nem a mim, quanto mais ao Chico! Além disso, passei os olhos pelos signatários e - por que não me surpreendi? Está na cara que o documento é forjado, pois se diz "informal" e dispensa as pessoas de colocar seus nomes na íntegra. Brincadeira! Ou melhor, mais uma das investidas da direita cansada, agora de dedo em riste para o Chico.


Que me perdoe o Sr. Sérgio Machado, mas seu esperneio está me parecendo mesmo "choro de perdedor", como disse o curador do prêmio Jabuti. E a Record bem que podia passar sem essa; afinal é uma honra ser vencido pelo grande escritor em que Chico se transformou, na melhor linhagem machadiana. Uma nau de arte literária em um mar em que bóiam tantos grumetes pós-modernos.