terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Todo estado de espírito tem seu poema...



A hora do cansaço
Carlos Drummond de Andrade - 1984 - CORPO

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nós cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto ocre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

Um comentário:

Luciana disse...

Ei querida Bel!

To espantada com sua consistencia pra escrever! To vendo que inspiracao nao tem faltado... infelizmente, ja que a maior parte dos assuntos gira em torno de preconceitos e corrupcoes no nosso querido país... :-(

No momento, nem me atrevo a comentar nada, pois pra te ler tem que sentar, pegar uma xicara de chá, uns biscoitinhos, e esquecer tudo ao redor! E com minha irmã aqui não to conseguindo isso nao!!! :-) Tanta coisa pra conversar... vc sabe como é...

Mas nao pude deixar de ler e apreciar a linda poesia do Drummond. E aproveitemos nossa vida e as pessoas que gostamos, pois nada dura pra sempre... Eis a beleza da vida!!!

Beijos linda Bel!