sexta-feira, 11 de junho de 2010

Brasília: a quadrilha continua

Resolvi mudar o design do blog. Persigo o leiaute mais limpo, menos pesado para o leitor. Mesmo usando cores escuras. Nada é para sempre, sem mais nem menos posso mudar tudo de novo...

Tenho no vidro traseiro do carro um adesivo com os dizeres: "Fora Arruda, P.O. e quadrilha". Hoje alguém me perguntou por que não o removo, já que Arruda e Paulo Octávio estão fora do governo do DF. "O problema é que a quadrilha permanece", disse eu. Por isso, o adesivo fica.

Os brasilienses já começam a circular de carro portando adesivos de seus candidatos preferidos. Como sou observadora, não posso deixar de ler vários deles. Circulam por aí os nomes de quase todos os envolvidos nas investigações da Operação Caixa de Pandora, que não foram sequer investigados pela Câmara Legislativa do DF: Benedito Domingos, Roney Nemer, Cristiano Araújo e Benício Tavares. Esses são os nomes que já vi. Por enquanto ainda não vi ninguém com coragem de ostentar os nomes de Eurides Brito, Júnior Brunelli e Leonardo Prudente, mas consta que este último será candidato.

Vi também circulando o nome - pasmem! - de Agaciel Maia, aquele que frequentou os noticiários ano passado, por conta de todo tipo de irregularidade cometida pela diretoria do Senado Federal, lembram? (Por falar nisso, a mesa diretora do Senado continua aprontando: nesta semana quase emplacou, por debaixo dos panos, reajuste olímpico e ilegal de salários para seus servidores.) Pois é. Mais um para engrossar as fileiras daquilo que o mestre Mino Carta denominou "vanguarda do atraso" na tradicional política de Brasília.

O fato de esses nomes estarem visíveis pela cidade, faltando ainda tempo para o início legal das campanhas eleitorais, é para mim um sinal e um sintoma. Sinal de que a quadrilha continua em ação, tratando de garantir a eleição para adquirir imunidade, foro privilegiado etc. Sintoma da indigência política do eleitor do DF, capaz de consagrar Roriz nas urnas e, junto com ele, todo o bando.

Também nesta semana houve, por parte do MP, reiteração do pedido de intervenção federal no DF. É pena que parece já haver um acordo entre as forças políticas para que isso não aconteça. Pela primeira vez, desde a nomeação de Roriz como governador biônico por Sarney, tem-se a oportunidade histórica de desmantelar a quadrilha que se instalou e vem agindo até hoje. É muito mais que uma dúzia de políticos do Executivo e do Legislativo; há gente em todas as esferas e instâncias do poder. Aqui costumamos dizer que a polícia não faz greve, apenas ameaça investigar alguns para conseguir aumento de salários.

Brasília é um caso crônico de podridão política. Intervenção federal aqui teria que ser ampla e profunda, suspendendo as eleições deste ano e abrindo espaço para grandes investigações, que passassem o pente fino em todos os poderes e, efetivamente, levassem à prisão os delinquentes que tanto prejuízo causam aos cofres do DF.

Pense em quanto esta cidade poderia ser melhor, se não fosse dominada por meliantes e se todos os recursos que lhe repassa o governo federal fossem de fato utilizados para humanizá-la e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Se, por exemplo, os recursos do SUS fossem usados para melhorar o atendimento dos hospitais públicos, em vez de ficarem aplicados em algum banco, como foi constatado pela auditoria do Ministério da Saúde.

Brasília em aquarela - foto de Augusto Areal

Pois então. Enquanto outros motoristas circulam com os nomes de seus candidatos a esse ou aquele cargo, eu continuo circulando com meu adesivo vermelho, insistindo no apelo para que nos livremos do nosso cancro político.

INTERVENÇÃO FEDERAL RÁPIDA, AMPLA E PROFUNDA!!!

2 comentários:

Icaro disse...

Ficou muito mais legal o blog com esse visual Bel.

Sobre a perpetuação da roubalheira e a legitimação desta pela população você já falou tudo!

bjo

Anônimo disse...

Apesar dos seus três orçamentos (de governo estadual, município e capital federal/Fundo Constitucional do DF) nunca vi tanto abandono como agora na gestão pública do Distrito Federal: descaso na fiscalização das posturas e normas de ocupação do solo e espaço público, sujeira, estacionamentos irregulares e trânsito caótico, vias urbanas mal conservadas, serviços públicos sucateados. Mesmo com os gastos exorbitantes com tecnologia de informação (inflados pela corrupção), a obtenção de uma simples certidão rouba tempo e paciência do cidadão. Apesar de tudo isto, o Governador tampão julga-se no direito de concorrer à permanência nas próximas eleições, manifestando desagrado pela aliança do seu partido com o PT para disputar o Governo do Distrito Federal nas próximas eleições. Penso que a intervenção teria sido mais benéfica, pois o governador nomeado certamente estaria mais preocupado em desarticular as quadrilhas que apropriaram do governo e assegurar a prestação de serviços públicos que a população necessita que em buscar a reeleição.