domingo, 12 de dezembro de 2010

Vai um drops aí?


Perdoem-me os pacientes leitores, mas há períodos em que a gente fica sem tempo para esta prazerosa atividade, porque outros afazeres nos chamam e prendem a atenção. Daí as lacunas entre as postagens, não sem o firme propósito de um dia vir a regularizar esta produção. Quanto mais tempo passa, mais assuntos se acumulam e não resisto a falar pelo menos um pouquinho de cada um. Então, hoje é dia de drops!

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Finalmente pegaram o Gim Argello, confortavelmente instalado na relatoria da comissão de orçamento da Câmara dos Deputados, aprontando a maior lambança com os recursos públicos, de conluio com empresas de fachada, alaranjadas. Demorou, caros leitores! Se as investigações não pararem, serão descobertas coisas do arco da velha: quem viver, verá. Aliás, há outros políticos de Brasília, que também estão confortavelmente na ativa, tranquilamente reeleitos, que merecem uma investigaçãozinha básica. Quem sabe a nossa tão combativa imprensa, sempre vigilante no que é acessório mas relapsa no que é essencial, resolva fazer um pouquinho mais de jornalismo investigativo...

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Por falar em políticos de Brasília, vocês precisam ver - e aqueles que já viram hão de concordar comigo - o quanto esta cidade está abandonada. O mato está mais crescido do que nas áreas de proteção ambiental! Na minha quadra, ontem, tive que ficar de olho para a Laurinha não se afastar de mim durante o passeio, com receio de que ela se perdesse no matagal que viceja sob minhas janelas... Controle de pragas? Não, não há! Varrição de rua e coleta de lixo? Tsc, tsc! Desentupimento das bocas-de-lobo para escoar a água da chuva? Também não! Buracos no asfalto, que se agravam nesta época do ano? Cheiiiinho! Enquanto isso, o governador-tampão Rogério Rosso apressa o envio de projetos, no mínimo, suspeitos para a Câmara Legislativa. Recentemente foi revogado o decreto que obrigava às eleições diretas nas escolas públicas, porque estava na cara que era um jeitinho de acomodar as bases rorizistas nos cargos de diretores, na maior cara-dura! Eita ano que não termina! (Perdoe-me o Zuenir Ventura, mas o ano que não terminou não foi apenas 1968, para o bem e para o mal...)
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Isso sem falar na proliferação das cracolândias. A população está abandonada, sem política de saúde pública, de moradia, de transporte, de educação. A escalada das drogas é visível, também nas ruas do Plano Piloto, não é mais exclusividade da periferia. Abandono é a palavra para definir Brasília hoje.
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Fico sempre desolada quando alguma escola pública obriga os alunos a participarem daquelas festinhas pseudo-educacionais, mas sempre de cunho religioso. Educação laica. Qualquer dia destes vou escrever sobre esse assunto. Hoje eu soube que um conhecido, temeroso de colocar seu filho em uma escola pública que não respeite a sua não-crença, estará acionando o MP para tentar garantir que não haja abordagem da religião nas escolas. Esta semana vou entrar em contato com ele para oferecer meu apoio nessa solicitação. A polêmica promete ser boa, com aqueles pais que preferem terceirizar o ensino religioso e pensam que a escola é que tem obrigação de fazer isso. É ou não é uma interferência indevida das atividades privadas sobre o espaço público?...
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Lidar com perdas é a coisa mais difícil, né não? Perder a hora, um brinco, uma roupa que não fecha mais, um sapato que quebra o salto, a comida esquecida no fundo da geladeira, a flor que secou porque me esqueci de regar, o dinheiro que caiu do bolso por descuido, o telefone celular esquecido no balcão da farmácia, tudo isso tem conserto, tem remédio, tem jeito, tem superação rápida da frustração. O que não dá é para lidar com a perda de pessoas, seus afetos, seus trejeitos, suas risadas, seus humores, suas brigas, suas mágoas, seus amores. Ai, como dói!
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"Tá relampiando, cadê nenen?
Tá vendendo drops no sinal pra alguém..."
(Lenine)

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