segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Bônus demográfico

Você sabe o que é bônus demográfico?

Eu soube hoje, no blog do Nassif, quando ele comentou matéria d'
O Estado de São Paulo, relatando que se trata "de um período no qual a população economicamente ativa supera largamente a de dependentes, composta por idosos e crianças. Segundo especialistas, é uma condição propícia ao desenvolvimento de uma economia."

Diz o jornal que essa situação é algo raro na história econômica de um país. É uma "janela de oportunidade" para o crescimento econômico e acontece apenas uma vez. É como naqueles filmes em que há um portal para outra dimensão: se o herói perde o
timing, o portal se fecha e ele fica preso para sempre em uma dimensão inferior. Para aproveitar bem o bônus econômico, o país tem de "absorver a mão de obra disponível e incentivar as potencialidades da alta proporção de pessoas capazes de contribuir para a elevação da produção e da produtividade.”

A notícia boa é que o Brasil tem hoje 67,6% da população no grupo das pessoas aptas a ingressarem no mundo do trabalho, contra 32,4% de crianças e idosos, ou seja, aqueles que ainda não podem produzir e os que já deixaram seus postos de trabalho. A estimativa é que em 2020, a população trabalhadora atinja 70,4% do total da população brasileira. É um cenário futuro muito promissor, se o país souber aproveitar o bônus demográfico. Para isso, tem de investir na criação de empregos, na educação e na saúde dos brasileiros.

Notícia boa, não? Deixou-me animada e esperançosa.

Também me fez refletir. O próximo ano é de eleições para presidente e governadores. Dos candidatos autodeclarados, não declarados e totalmente no armário, tanto para o executivo federal quanto para os estaduais, preciso escolher aqueles cujo compromisso com esse investimento vá além da retórica de campanha.

Não será suficiente o discurso da competência, porque esse é facilmente desmascarado pelas notícias sobre como os governadores vem atuando nas mais diferentes situações, especialmente aquelas mais aflitivas para os cidadãos pobres. Poses marqueteiras estão dispensadas, o que vai contar é o trabalho e o resultado efetivo dele. Palavrório como "choque de gestão", "choque de capitalismo", "estado paquidérmico", essas coisas típicas do neoliberalismo, não cola mais.

Papo de experiência, como o que Serra usou contra Lula na campanha passada, esse não cola mais também. Lula provou que, mesmo sem experiência em poder executivo e com toda a mídia contra ele, é possível fazer um bom governo. (Claro que com muitas ressalvas: bom quando comparado com os que o antecederam no período pós-ditadura, dentro das regras da democracia burguesa. Mas, para minhas aspirações, teria que ser revolucionário mesmo, fazendo a reforma agrária e quebrando de vez privilégios históricos.)

Então está aí um dado para que comecemos a pensar, enquanto o bolo alimentar dos panetones mal-digeridos teima em nos dar azia.

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