domingo, 3 de janeiro de 2010

A nota triste do feriadão de ano novo

Notícias das Minas Gerais informam sobre fortes temporais. Do interior de São Paulo também. E do Rio de Janeiro, vem o desespero e o luto de Angra dos Reis. Há muitas inundações, muitos deslizamentos de terra, muitas mortes e muitos desabrigados.

Há a pequena cidade de São Luiz do Paraitinga (SP), que teve uma linda igreja derrubada e todo o casario antigo do centro invadido pelas águas. Muita gente desabrigada, muita tristeza e desespero.

Isso sem falar nas inundações que vêm ocorrendo desde o final do ano passado, em Minas e na capital paulista. Os moradores do Jardim Pantanal, até hoje, não se livraram da água em suas ruas. Estão sendo assediados pela prefeitura da Capital para aceitarem R$ 5.000,00 e abandonarem suas casas. Há famílias que moram lá há muito tempo, mais de 20 anos.

Minas Gerais também tem sofrido. Juiz de Fora, Raposos e São Tomé das Letras, além de Belo Horizonte, sofreram as consequências das fortes chuvas. 37 cidades em situação de emergência, 80 pontes destruídas parcialmente e 44 derrubadas totalmente. Milhares de pessoas desalojadas temporariamente e desabrigadas.

Começa a se mobilizar a corrente de solidariedade dos brasileiros, a mandar roupas e alimentos para essas regiões. Isso me encanta no meu povo: essa disposição para ajudar outros brasileiros em situação de desespero!

(Faço questão de esquecer, nesse quesito, o "flagra" de desvio das doações ocorrido em Brasília ano passado, por ocasião das calamidades em Santa Catarina. Brasília é um caso a parte, qualquer dia volto a falar dessa aptidão "natural" para desviar recursos...)

Entra ano, sai ano, essas notícias se repetem. Encostas continuam sendo desmatadas, rios continuam sendo assoreados, bairros brotam em várzeas de rios. E a calamidade se repete, mais grave a cada ano.

Interessante observar, nos noticiários, a atuação do poder público. Em Angra dos Reis, algumas horas após os primeiros desabamentos de encostas, estavam lá o coordenador da defesa civil do estado, o vice-governador e, mais algumas horas depois, o próprio governador, que pediu aos turistas que saíssem da cidade, dado o perigo de novos acidentes.

Em Minas Gerais, apenas a defesa civil. Mobilizaram-se os prefeitos das cidades atingidas, em desespero, implorando pelo apoio do governo estadual. Em São Paulo, na capital, ausência total do prefeito e do governador. Não era com eles. A defesa civil agiu, mas era insuficiente para tanta tragédia. No interior, nem pense que houve alguma ajuda do governo estadual, pelo menos até o momento em que escrevo este post.

Em contrapartida, a ajuda do governo federal foi determinada antes mesmo de ser solicitada pelos governos estaduais.

Tudo isso está nos jornais que li durante o fim de semana prolongado. As cidades estão literalmente se afogando nesses estados.

Enquanto isso, Brasília segue soterrada por panetones...

Um comentário:

Gilson disse...

Tristes noticias ainda virão e a natureza continuará sendo a eterna culpada, embora ás vezes vingativa, diante da nossa cronica dificuldade em dar nomes,assumir e cobrar responsabilidades. Nesta e outras tragédias passadas e futuras são recorrentes a ausência de políticas públicas de habitação e uso do solo urbano, especulação imobiliária, falta de controle e fiscalização ambiental e observancia de normas de uso de solo (inclusive construções de casas e rodovias),poder econômico que corrompe governos e suplanta o interesse público, justiça ineficaz, ministério público ausente, ausencia de cidadania, emocionalismo televisivo, imprensa leviana, neoliberalismo, sucateamento e falta de investimento em infraestrutura, etc etc